sábado, julho 31

Do modernismo de volta à hera primitiva

Do Socialismo ao capitalismo; Do Cruzeiro ao Real/ Do barulho descompassado à música; da música clássica para o funk / Da inocente nudez à tornozelos cobertos; de vestidos longos ao topless...Transição ou mudança? Evolução ou retrocesso?

Olá.

Gente!Em tão poucas horas parece que já estou viciada neste negócio aqui chamado blog apesar de não ter um só leitor e parece que isto me instiga ainda mais a escrever porque sinto como se eu pudesse dialogar comigo mesma com tanta privacidade como se estivesse escrevendo num diário. Pra você ver a evolução das coisas: no meu tempo de adolescente, meu diário tinha folhas e eu utilizava caneta pra escrever nele (de preferência colorida). Hoje, até os segredos são virtuais: você cria um blog, não divulga o endereço e escreve seus segredos. Pôxa! Que mundo moderno. Tão moderno que minha imaginação não consegue projetar aonde ele pode chegar. Mas, infelizmente nem tudo são flores... Junto com a evolução dos tempos, noto uma profunda INVOLUÇÃO que cresce mais rápido que a própria evolução.  

Estava a ler meus e-mails quando me deparo com uma crítica de Ariano Suassuna (foto ao lado) a respeito do "forró estilizado". Pois é, o 'estilo' de ser "rapariga/raparigueiro" e "cachaceiro"! A que ponto chegamos?! Antes as mulheres lutavam por dignidade, respeito, reconhecimento, igualdade entre os sexos. Aí você pensa "e num é que tão se igualando mesmo?".  Talvez sim, em alguns aspectos, mas não de uma forma que me causa muito orgulho.

Se você olhar pelo lado da sexualidade, por exemplo, elas bem que vêm vigorosamente tentando. Sexo pra mulher antes era pecado, proibido, com um homem só, depois do casamento. Tá bom, é um grande avanço o sexo pra mulher não ser mais um tabu tão grande, exatamente como pro homem já não é a muito tempo, ou melhor, nunca foi; o que eu nunca compreendi foi o fato da homosexualidade ser pecado. Peraí, algumas coisa tá errada: sexo antes do casamento: só pra homens (aliás, as leis do maxismo dizem ser o mais aconselhável, pois o homem tem que ser experiente, saber o que fazer na hora "h"). Mulheres, por sua vez, tem que usar 'cinto de castidade'. É aí que vem algo bem curioso: Homem não pode fazer sexo com homem! Hã? Então com quem eles vão tranzar se é pecado pras mulheres e também entre seres do mesmo sexo? Mas tranzar não é 'uma necessidade biológica para eles?'

Bem, como as coisas evoluem, das duas uma: ou as mulheres teriam mesmo que 'abrir o cadeado', ou a homosexualidade teria que ser aceita. Mas, porque pra mulher é indigno tranzar e pro homem não?! Realiza! A mulher tem um órgão cuja ÚNICA FUNÇÃO É DAR PRAZER. Único e exclusivamente! (o clitóris) Bem, me empolguei na discursão e o foco não é este. Depois continuo num outro texto. Voltando, por mais que o sexo não seja mais um tabu tão forte para a maioria das mulheres (mulheres hoje conversam abertamente sobre sexo em mesa de bar!), também não precisa ser banalizado como vêm sendo pelas bandas de forró estilizado e funk carioca, bem como por seu público. 

É incrível como o público de um determinado estilo musical toma para sua vida os valores disseminados por este. É como dizem "Para conhecer um povo, ouça a música que eles (re)produzem". Concordo! Não é preciso ser muito sábio para perceber o quanto a música reflete na vida da pessoa de forma geral: dita estilo, moda, comportamento. Música é mais que arte e entretenimento; a música reflete e exprime a personalidade da pessoa; música é ideologia.

Quem ouve Saia Rodada, por exemplo, anda com roupas que super valorizam as curvas femininas (muitas vezes tornando-se vulgar) e levanta a mão quando o cantor pergunta se "tem rapariga?" na platéia. Aí vem a pergunta: "Desde quando 'rapariga' passou a ser uma qualidade ou elogio? Mas porque elas se permitem ser tão amplamente desvalorizadas? Como conseguem levantar a mão se auto-denominando 'raparigas'? Em que lugar tão distante ficaram esquecidos o respeito, consideração, reputação?" Onde ficaram os lindos acordes, as lindas letras e melodias, a expressão? A música deveria ser, além de expressão, liberdade, refúgio, arte. Ao contrário, ela vêm sendo degradada, vem perdendo seu real valor. A música e o pior, o povo. Os valores vêm sendo invertidos e isto é uma doença letal para a sociedade.

 As pessoas não deveriam ter ou deixar de ter valor por causa de sua sexualidade. Ao mesmo tempo que uma mulher perde a dignidade indo para cama com qualquer um, pra mim, o homem que faz o mesmo com as mulheres, ganha a mesma conotação. Porque não?! Acho absurdo o homem poder e a mulher não. E não porque eu ache que a mulher também pode, mas porque vejo que tudo está beirando a promiscuidade, o descaso, a perda de caráter (falo isto numa leitura da sociedade num âmbito geral, não apenas no sexual). A que me refiro? A um Brasil imundo (no sentido literal e figurado), feio de se ver, difícil de se orgulhar. Não pelo país em si, pela sua natureza rica, bonita, cheia de vida. Mas, pelo povo que o povoa, que o nomeia, que se diz brasileiro. Um povo que fede, apesar de todo perfume; um povo feio de se enxergar apesar de toda maquiagem...

Imagine se na nossa época está assim - quase tudo perdido e sei bem que não preciso dizer o porquê - como será na época dos nossos filhos, netos e bisnetos?! Sinto que estamos voltando à hera primitiva onde os instintos falam mais alto que a racionalidade. Mata-se e morre-se por motivos fúteis, corrompe-se por motivos bobos. Vivemos numa eterna e incansada caça em que nosso predador e presa é chamado pelo mesmo nome: homem, homo sapiens, o único ser 'racional' dentro da natureza. Motivação?! Dinheiro, status, vaidade, inveja!

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