quinta-feira, agosto 5

Demais ou 'Demenos'?

Estava a assistir o debate MTV e não tenho como calar. O tema do que se chamou de "debate" -equivocadamente, diga-se de passagem, porque só havia de oposição o mediador/apresentador (Lobão)- eram os vlogs. Se os 'vlogueiros' seriam os novos formadores de opinião? Ridículo!

Não sei se repararam, mas os vlogs que mais chamam a atenção do púbico são os que não tem nada de relevante para apresentar. São mesmo aqueles tipo 'besteirol' onde as pessoas tentam fazer graça sem declarar nada, sem opinar, sem informar, sem serem críticos, enfim, fazendo porra nenhuma! Tudo bem, acho interessante os anônimos usarem esta ferramenta para disseminação de suas qualidades profissionais, por exemplo atores e jornalistas...!

Mas, como é que conseguem, estes anônimos, perder tempo pensando no que fazer, acabar não fazendo nada pedagógico, e ainda ter milhões de acessos?! No mínimo contraditório! O que tem errado com a sociedade atual? O que querem ver e ouvir? O que os atrai àqueles vlogs fúteis?

Se eles forem formadores de opinião, acho que meu conceito de "opinião" está um tanto equivocado. Tudo bem falar que "ah...o que eu vejo de interessante nestes vlogs é o fato de eu poder fazer o que ele faz!/ah...eu me identifico com esta pessoa!"

O que eu vejo, na realidade, como frisou o próprio Lobão, é que as pessoas não sabem mais opinar. Ficamos tanto tempo fazendo o papel de receptores, sendo amplamente manipulados de uma forma tão ridícula que quando chegamos à hera digital, onde tudo deveria ser mais dinâmico e interativo, onde também deveríamos fazer o papel de interlocutores, não sabemos como agir...

Vejo pessoas acríticas, pacatas, desinformadas, apáticas, com uma pobreza cultural sem tamanho. Aí fico me perguntando qual a causa de tudo isso, porque afinal o mundo não poderia ter mais opções de pesquisa, leitura, informação. Hoje, você pode buscar informação onde quer que esteja: em casa, no ônibus, no trabalho, no carro. Aliás, não precisa ir buscá-la! Ela chega facilmente até você; basta que se olhe ao redor... Temos váááários meios de comunicação, inclusive a maioria bem acessível.

Internet, rádio, TV, impressos. Dentre estes, os três primeiros encontram-se acessíveis até por celular e os quatro se difundem por meio da internet onde você pode, além de tudo, baixar o que quiser e acessar bibliotecas on-line.Ou seja, sem se deslocar, de maneira prática e rápida, a um custo bem baixo (ou até inexistente) consegue-se o que se quer através desta democrática ferramenta multifuncional. Atualmente a web reúne tantas funções que suprem quase todas nossas necessidades intelectuais e interacionais. Na internet pode-se até fazer cursos de qualificação profissional...

Em análise, acho que o que gera este ambiente aculturado é a falta de interesse, ou mesmo conhecimento, por parte da população. Enxergo numa sociedade que tem tudo nas mãos, de maneira tão fácil e acessível, uma imensa preguiça de pensar. Como diria Larissa (minha irmã), atualmente até as comidas são rápidas (fast food).

Assim, vê-se um mundo onde tudo já vem muito mastigado. Hoje, quando lançam um livro tem gente que espera lançarem o filme pra não se darem o trabalho de ler (não que eu seja uma pessoa altamente culta e uma ótima leitora, mas...). Se existe toda esta facilidade e até quem pense por nós, porque pensar, então?

É aí que está o problema! O mundo está tão liberal, tão cheio de conhecimentos espalhados pelos quatro cantos que as pessoas não sabem usufruir do que tem. Se as coisas estão mais fáceis e acessíveis, teoricamente todos deveriam ser mais críticos, sábios, buscar se informar mais e melhor. Numa controvérsia, parece-me que as pessoas se perdem num mundo cheio de informação... Vai entender...

É irônico pensar que as pessoas precisam de repressão para desenvolver um senso crítico; de problemas para exercer um raciocínio mais lógico;de dificuldades para conseguir vencer. Parece que a luta fortifica as pessoas e as motiva...Sei lá!

Volto então a falar da música. Hoje, eu não sei nem se definiria a música como arte, imagine se a chamaria de produto cultural... (salvas raríssimas exceções)O que está sendo lançado é puramente produto midiático eu diria. Comercial. É bem notória a mudança da sociedade refletida no jeito de fazer música; O que era a música popular brasileira dos anos 70/80/90, e o que é a música popular brasileira hoje?! O que as letras retratam? Prefiro nem comentar novamente (ver o texto: Do modernismo de volta à hera primitiva). Posso rir? Porque tudo não passa de uma piada!

Enfim, venho questionar em que posição estamos diante desta sociedade e volto a questionar como seria mais correto denominar estas mudanças: evolução ou retrocesso?!

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